domingo, 10 de maio de 2009

A EFETIVIDADE DO PROPANOLOL NO TRATAMENTO DOS HEMANGIOMAS




O assunto mais procurado, no meu blog, é HEMANGIOMA.

Muitas mães, assim como eu, além de procurarem um especialista, também procuram alento, cumplicidade, palavras de apoio e troca e experiências.

Estamos muito felizes com o resultado do tratamento com propanolol. A Beatriz está respondendo super bem ao medicamento e os resultados foram muito rápidos.

Estava dando uma passeada pela net e encontrei este artigo. É esclarecedor e tem linguagem bem acessível.

A EFETIVIDADE DO PROPANOLOL NO TRATAMENTO DOS HEMANGIOMAS PROLIFERATIVOS
INTRODUÇÃO: Os hemangiomas proliferativos são os tumores mais freqüentes da infância.
Progridem após o nascimento e sofrem regressão, a partir da segunda década de vida.
Podem comprometer funções vitais, causar deformidades e deixar seqüelas permanentes.

Apesar de benignos, os hemangiomas proliferativos podem assumir características
alarmantes, dentre as quais as mais freqüentes são úlceras, sangramento e infecção
secundária (1). Outros fatores alarmantes são: deformidade, obstrução de visão e de vias
aéreas, comprometimento hepático, anemia e plaquetopenia.

A conduta expectante representa um risco para os portadores de complicações, uma vez
que alguns pacientes sofrem comprometimentos estético e funcional.
Entre os medicamentos empregados até o momento para tratamento dos hemangiomas
proliferativos alarmantes, podemos citar o corticóide, o interferon alfa e a vincristina (2,3,4).
O corticóide é efetivo no controle da evolução em cerca de 50% dos casos, porém
apresenta efeitos colaterais indesejáveis. Para evitar as complicações relacionadas ao uso
prolongado, o corticóide é prescrito por tempo limitado, e a interrupção pode resultar em
crescimento rebote.

Em relato recente na literatura, um caso de hemangioma proliferativo desenvolveu
miocardiopatia obstrutiva hipertrófica durante a corticoterapia. Ao ser tratada com
propanolol, houve uma melhora inesperada do hemangioma. O corticóide foi suspenso e o
propanolol mantido, sem que houvesse crescimento rebote (5).

OBJETIVO: O propanolol foi divulgado recentemente na literatura como uma opção
terapêutica para tratamento dos hemangiomas proliferativos. Nesse sentido, testamos o
propanolol no tratamento de duas pacientes portadoras de hemangiomas proliferativos
alarmantes, cujo relato se segue, com o respectivo resultado.

MATERIAL E MÉTODO: A primeira paciente, de quatro meses de idade, apresentava
comprometimento extenso de face – pálpebra inferior, nariz, lábio inferior, geniana,
parotídea e cervical, obstrução do conduto auditivo, comprometimento de vias aéreas,
úlceras com secreção purulenta. O tratamento foi iniciado com cefalexina (100mg/kg/dia –
7dias), prednisona (4mg/kg/dia) e propanolol (2mg/kg/dia), uso contínuo.

A segunda paciente, de três meses de idade, apresentava comprometimento extenso de
região parotídea e cervical, com obstrução do conduto auditivo. O tratamento foi iniciado
com prednisona (4mg/kg/dia) e propanolol (2mg/kg/dia).

RESULTADOS: Após dois dias de tratamento, já foi possível observar a resposta com
redução do volume e melhora da tonalidade da lesão cutânea. Com duas semanas de
tratamento, as pacientes mostraram redução de 50% do volume inicial.
Não houve relato de efeitos colaterais ou toxicidade durante as duas semanas de
tratamento.

DISCUSSÃO: Os hemangiomas proliferativos da infância apresentam progressão dramática
nas primeiras semanas de vida. Podem causar deformidade, provocar ferimentos,
comprometer funções, como a visão e a respiração.

Até o momento, as drogas disponíveis para tratamento desses casos, a exemplo do
corticóide, do interferon alfa e da vincristina, estavam associadas a efeitos colaterais,
toxicidade e efeito rebote.

Para os casos tratados com propanolol, observamos efetividade no tratamento dos
hemangiomas proliferativos, porquanto se constataram redução do volume da lesão,
clareamento da tonalidade e melhora na resistência à palpação. Além disso, não foram
observados efeitos colaterais ou toxicidade.

A atuação do propanolol nos hemangiomas proliferativos pode ser explicada por causar
vasoconstrição capilar, reduzir a expressão dos fatores angiogênicos VEGF e bFGF, e
induzir a apoptose das células endoteliais (6,7).

CONCLUSÃO: O propanolol foi efetivo no tratamento dos hemangiomas proliferativos,
interrompendo a progressão e induzindo a regressão precoce.

1. Enjolras O, Riche MC, Merland JJ, Escande JP. Management of alarming hemangiomas
in infancy: a review of 25 cases. Pediatrics 1990;85:491-8.

2. Edgerton MT. The treatment of hemangiomas: with special reference to the role of steroid
theraphy . Ann Surg 1976;183:517-32.

3. Ezekowitz RAB, Phil CBD, Mulliken JB, Folkman J. Interferon alfa-2a therapy for lifethreatening hemangiomas of infancy. N Engl J Med 1992;326:1456-63. [Errata, N Engl J Med 1994;330:300, 1995;333:595-6.]

4. Enjolras O, Brevière GM, Roger G, Tovi M, Pellegrino B, Varotti E, Soupre V, Picard A,
Leverger G. Vincritine treatment for function- and life-threatening infantile hemangioma. Arch Pediatr 2004; 11:99-107.

5. Léauté-Labrèze C, de la Roque ED, Hubiche T, Boralevi F. Propanolol for severe
hemangiomas of infancy . N Engl J Med 2008;358:2648-51.

6. D’Angelo G, Lee H, Weiner RI. cAMP-dependent protein kinase inhibits the mitogenic
action of vascular endothelial growth factor and fibroblast growth factor in capillary
endothelial cells by blocking Raf activation. J Cell Biochem 1997;67:353-66.

7. Sommers Smith SK, Smith DM. Beta blockade induces apoptosis in cultured capillary
endothelial cells. In Vitro Cell Dev Biol Anim 2002,38:298-304.